O medo de vencer

Está na revista TheFinisher de março/abril: "Mais do que qualquer coisa, o medo limita a performance. Voce deve conhecer seus medos, e, depois, livrar-se deles." Mark Allen, americano, hexacampeão mundial de Ironman.
Adorei, porque sempre fui medrosa. Sempre tive medo de checar meus limites, então nem pensar em  chegar o mais perto possível deles.
Mas o corredor precisa se conhecer para melhorar a performance a cada prova, para aprimorar os treinos.
Eu nunca me dei bem com os monitores cardíacos. Meus batimentos sobem rápido, então algumas vezes eu nem estava me sentindo perdendo o folego, mas olhava o "Polar" e reduzia, porque achava que ia morrer.
Além disso, se alguém corresse perto de mim, por alguma razão o meu monitor preferia o coração do meu vizinho, e aí eu me atrapalhava toda. Sim, tentei aqueles que só captam da minha fita, mas ele ia lá em cima nos batimentos e depois simplesmente não funcionava, e eu tentando arrumar aquela fita no peito, suando, ajeitando, xingando, e correndo, nossa, aquilo me atrapalhava demais.
Depois de jogar duas fitas fora durante as provas (falando muitos palavrões durante o processo que culminava com isso), achei que era melhor desistir, porque aquele equipamento não me ajudava a sentir meus limites.
E desde então corro melhor.
Prefiro sentir minha respiração, e, justamente por não ter monitoração, passei a ter que prestar mais atenção no encaixe da respiração, no conforto da corrida, no suor, nos batimentos, enfim, em mim. No meu corpo durante o treino, para preparar o meu corpo para a prova. E só com treino se conhece o corpo.
Para me concentrar melhor, passei muito tempo sem ouvir música durante a corrida, me desviava a atenção. Agora me sinto mais estimulada a ouvir música e permitir que ela me ajude na performance também. Algumas músicas dão vontade de sair correndo mesmo, então melhor aproveitar.
Fiz o teste do consumo de oxigênio, do limiar do lactato, e na ocasião minha velocidade de prova foi de 13km/h. Isso significa que até tal velocidade, ainda não atingi o limiar anaeróbio, e estou queimando o glicogênio nos conformes. Não vou explicar agora o que é o tal lactato, mas me ajudou muito mais a descobrir até onde posso chegar.
Mas daqui a algum tempo já tenho que fazer de novo, posso ter subido meu limite pelos treinos (pelo menos é o que eu espero).
E ainda assim, geralmente não faço as provas correndo direto a 13km/h! O pior é que acho que viciei no gps, e fico de olho na velocidade, isso também não pode mais me limitar. Se estou fazendo a 4'35/km, por exemplo, já fico achando que posso pifar, que não vou conseguir todo o percurso, e reduzo.
Numa prova noturna no Costão do Santinho, eu não enxergava o que marcava o garmin. Então me perdi um pouco no pace. Pois é, fiquei em quinto lugar, é a foto de abertura do blog, super orgulhosa de mim mesma. E só no instinto e no que já conheço sobre mim.
Mas, quanto mais eu treino, mais confiante fico, e com o treinador e os amigos dizendo que eu consigo, estou ficando mais corajosa, e já fui desafiada a dar o máximo ("sangue nos olhos", como a gente diz) na próxima prova de 10k. E, sendo desafiada...dentro do meu limite, acho que estou pronta para  voar mais.

Comentários

  1. Rafael Fonseca Pimentel9 de abril de 2012 às 22:25

    Também já tive dois desses monitores e não me acertei com eles... Apesar dos experts falarem que o certo é treinar com eles, acho que chega uma hora que já nos conhecemos tanto que eles não fazem tanta diferença assim...

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