I ran Amsterdam 2015

Legal né? Super falo holandês, vocês não? Essa era a frase nos itens comemorativos das provas de corrida de Amsterdam este ano. O tema era Calling the Super Heros! em inglês mesmo, uma graça. 
Tudo isso para contar que sim, fui correr em Amsterdam, como deu para perceber no facebook, instagram, e snapshat da Debs Aquino (eu não tenho, não vi, mas me disseram que apareci à beça).
Bom, vamos pelo começo. Primeiro, esclareço que os meus posts (acho que vou fazer dois) vão ser uma visão beeem pessoal (como sempre) da viagem e da prova, e do que envolveu tudo isso para mim, inclusive suplementação e alimentação. Para ter uma noção de Amsterdam como cidade, passeios, lugares, recomendo o Ducs (www.ducsamsterdam.net, ótimo blog sobre a cidade de alguém que foi morar lá) e o da Debs Aquino (www.blogdadebs.com.br), que foi com espírito mais turistico do que eu e já fez dois posts ótimos. Esse primeiro dos meus é mais focado na prova. 
Então. A ideia não foi minha, foi da Simone, que queria correr sua primeira maratona, o que inicialmente era segredo, e como pessoa esperta que é, queria fazer isso em outro país, numa prova legal, sem pressão, com alegria.
Me convidou, pensei um pouco, menos do que deveria, e topei, mas no meu caso, para correr a meia maratona. Não tinha pretensões de fazer uma meia este ano, porque recuperei da lesão, voltei a treinar com eficiência, mudei estilo  alimentar (porque paleo não é dieta), muitas adaptações. Mas o convite era muito bom, a gente adora viajar juntas, e viajar para correr com amiga é tudo de bom, recomendo muuuuitoooo. E meia maratona exige um treino que é fortinho, mas não horrível, é gostoso. 
Iniciei o ciclo de treinamento, já avisando para o Everton que não tinha muito tempo para longos, de modo que trabalhamos mais intensidade mesmo do que volume. Inicialmente eu disse para ele que ia fazer a meia de Floripa, para manter o sigilo da Si. 
No meio do treinamento, eu fiz o GP20 em Balneário Camboriú, uma prova de corrida só de trilha, areia, morro, toda punk, que era para ser em dupla (o convite foi esse, da querida Monica), mas em cima da hora acabei sozinha. A parte boa foi que fiz os 20km bem duros com tranquilidade que não esperava, e no dia seguinte estava zerada. Era o que eu precisava para ter confiança para os 21km.
Viajar para correr tem diferenças das viagens normais. Por isso é ótimo ir com alguém que também vai correr. Eu recomendo que a pessoa vá poucos dias antes da prova, só o suficiente para desinchar da viagem (se for como eu, que retém todo o líquido do universo quando está a bordo) e dar aquela reconhecida no local. E ter mais dias depois. Porque passear antes da prova é meio tenso. A gente tem medo de se cansar, de se machucar, de ficar doente, de virar o pé saindo do metrô (essa sou eu, pelo menos), de alguma coisa dar errado. Mantém a dieta, não bebe, faz questão de dormir o suficiente...tudo lindo, como tem que ser, mas que em viagens de lazer a gente não faz. Porque escancara.
Nós chegamos lá com chuva e frio e fomos embora com chuva e frio. No meio tivemos dias com menos chuva e menos frio, e um dia inteirinho sem chuva, que deu até um sol por dez minutos. Mas em geral, eu considero o clima de Amsterdam péssimo kkkk. 
A cidade é linda, organizada, arborizada, civilizada, democrática. Os meios de transporte público são excelentes e fáceis. Todo mundo fala inglês. Todo mundo mesmo. Ainda bem, porque só eles falam holandês. E não, não dá para entender. Nada. Nadica.
Eu pretendia, naturalmente, circular de bike, igual a todos que moram lá. Mas sério, com chuva e frio, eu não me animei, nem a Simone. E eles continuavam pedalando como se não fosse nada, com o guarda chuva numa mão, celular na outra, roupas leves, afinal era outono...
Mais uma vez, quando iniciaram minhas férias, eu fiquei doente. Fico doente pouquíssimas vezes por ano. E é sempre sinusite. E geralmente quando estou em férias, parece que o corpo se permite. Assim, eu já viajei um pouco mal, mas sob controle. 
Soubemos pelo blog que a Deborah Aquino ia para a mesma prova, e nós, que já a seguimos faz tempo, e somos tipo fãs, nos mexemos para conhecê-la. Falei com o querido do Teco Mendes (coach paleo top das galáxias) e ele me deu o contato, e ela foi super receptiva. Enfim, nos demos muito bem. Até porque impossível ser diferente.  Ela é tudo o que a gente imagina e muito mais, nos divertimos horrores, passamos vários dias juntas as três, foi ótimo, sempre rindo muito. Ela inspira quem está junto permanentemente. Bom demais. E é meio tola, tipo eu, que fala coisas sem sentido, ri sozinha. E adora pagar mico, aqueles que morro de vergonha. 
Eu e Simone ficamos em um hotel meio afastado (fomos pela Kamel, era um dos hotéis indicados), então todos os dias íamos de metrô para o centro da cidade, parando na Centraal Station (não escrevi errado, é assim). O hotel era muito bom, e a estação ao lado, então isso não foi um problema. 
Conforme planilha, tínhamos que fazer aquele trote básico de reconhecimento e para acordar o corpo, e fizemos em volta do hotel mesmo. Frio, com garoa. Nossa. Eu sempre tenho medo desses trotes, porque se dão errado, fico insegura para a prova. Mas concluí que parecia Floripa com chuva, e já corri em Floripa com chuva E vento. Pelo menos a paisagem era nova.
Decidir o que vestir nessas provas é uma tarefa árdua. Você tem que se conhecer para não errar. Já errei antes, mas aprendi muito desde a meia de NY, minha primeira (na qual eu corri de short, bem confiante, com 2° com ventinho de Manhatan, hahahaha).
Eu não gosto de correr de calça. Mesmo de compressão, como tenho as minha coxas com bastante tecido adiposo, acabo com calor. Mas já usei, em Atlantic City estava zero grau, não dava para pensar muito. Prefiro ir de bermuda de compressão quando está frio, e uma boa meia, também de compressão, ainda mais meia maratona, que não pode ter desconforto. Embora não costume estrear novidades em dia de prova, como já conhecia o produto, fui com a meia de compressão da CEP que tinha comprado na expo, lindaaaaa, e personalizada. Valeu a pena. Na parte de cima, queria uma proteção e usei uma bandana para proteger o pescoço por causa da sinusite, uma camiseta de manga quase curta embaixo, a regata das sublimáticas por cima (sim, sublimáticas em Amsterdam), e o manguito de lã. Ainda estava com frio, e compramos no dia anterior moletom baratinho para doação. Gorro de tecido que tem buraco para o rabo de cavalo, para proteger os ouvidos. 
Estou na fase que penduricalhos me perturbam, então decidi não ir com cinto de hidratação. No GP 20, fui com o cinto que carregava duas garrafinhas e comidinhas. Terminei com uma garrafinha num bolso da bermuda e o outro no top (meu novo lugar favorito), e o cinto vazio. Ridículo.
Assim, já escolhi a bermuda com bolsos fundos para caber garrafinha e comida, uma garrafinha já largou no top acoplada entre os seios, e o coolbelt na cintura, porque precisava levar o celular, algum dinheiro e o cartão do transporte. Ainda assim, um bocado de bugigangas. Claro, poderia ser menos se eu suplementasse como antes, já que tinha água e isotônico por todo o percurso, mas eu agora uso outras coisas (do próximo post).
Isso e muito produto para não assar, porque agora eu asso muito na corrida.
A Simone e a Debs largavam de manhã, horário da maratona, e eu no início da tarde. Minha intenção era ir ver a largada delas, dar apoio, mas achamos melhor eu ficar no hotel por causa da minha condição de saúde, para não abusar. Eu tomei um mega café da manhã, e pelas onze horas saí de metrô para a minha largada, que era em local diferente também.
Eu largava em uma rua próxima ao estádio olímpico, e elas largaram do próprio, o que deve ser mais emocionante. Eu cheguei cedo demais, estava preocupada, não tinha NINGUÉM no curral ainda, nem os voluntários.
Fiquei sentada na escada de um prédio, e estava chovendo fininho...não quis tomar muita água para não precisar ir logo ao banheiro, e fiquei ali literalmente pensando na vida. Revendo planejamento da prova, que tive que adequar ao meu estado de entupimento, surdez e tosse. Básico. Fui para Amesterdam para fazer em 1h50min bem, fui dormir antes da prova pensando em terminar, mas quando cheguei lá, vi que menos de 2 horas daria tranquilo.
Quando faltava meia hora, comi uma coisinha e abriu o curral, com os velhinhos lá, fofíssimos, e um banheiro esperto. Estava chovendo ainda, só aquela fininha de molhar bobo, mas daí a adrenalina já estava subindo.
Percebi o seguinte: não senti solidão. Estava sozinha, bem sozinha, e sentia solitude, mas não solidão. Me senti bem em estar ali sozinha. Como foi em NY. No Rio foi bem diferente, eu me senti solitária. Talvez porque a prova era imensa e no Brasil, e tinha muita turma, e cariocas são barulhentos, era tanta foto, tanto "uhuuu", sei lá, senti falta de ter amigos correndo comigo, como tinha na meia do Bela Vista ( vantagem real de correr essa prova, além de baixar o tempo), gente que falasse meu nome como nas provas de Floripa, que SEMPRE tem gente conhecida,  e me senti deslocada. Essa é a palavra. E acho que isso definiu toda a prova. 
Em Amsterdam isso não aconteceu. Me senti no lugar certo, na hora certa, para fazer o que adoro. Pensamentos bonssssss! Lembrava do pessoal do Mental Support Team, que é mais para a maratona que tem os "muros", mas vale para todo mundo (vide blog da Debs, ela explica bem sobre eles), porque eles ensinam uns mantras para a gente não sofrer quando está quase sofrendo numa prova mais longa. E para mim o mais marcante foi o de sorrir. Eu sorrio, mesmo sofrendo, porque sou tola. E  o nosso amigo do mental support disse que o sorriso manda para o cérebro a mensagem de que algo bom aconteceu, mesmo que não tenha acontecido. Mas aí ativa no cérebro uma certa alegria, que volta para o sorriso. Sou eu!! a Polyana em pessoa! 
Eu pensava o seguinte: não posso parar de correr, porque se eu parar, vou esfriar e começar a tossir, e aí já era. E assim eu fui, tentando manter o planejamento da prova, dividindo em três partes de 7km, mantendo pace. Primeiros 7km foram bem, a largada foi boa, os segundos é que eu dei uma reduzida, tinha muita afunilada, o percurso não era tão maravilhoso. Plano e até com declives, mas tinha umas divisões, uns funis, e às vezes até pouco espaço para correr. Nos postos de hidratação eles não conseguiram evitar a muvuca. De resto, a organização era ótima, todos felizes, dando informações antes, torcida na rua, Europa e EUA são assim, ninguém acha que prova de rua é atraso de vida para os cidadãos, e todo mundo torce. 
E justamente na segunda parte da prova o percurso era mais bucólico, casinhas, árvores, vaquinhas...não sou tão fã, como sabem. Ali dei uma brecada no desempenho até lembrar dos mantras, contar gente com short vermelho, e tal. 
Depois voltava para a cidade mesmo, o parque, as ruas, área central, e ali recuperei o pace. Tentei acompanhar o pacer do 1h50min, mas não deu, ele não esperou no posto de hidratação, sequer reduziu, eu não tinha gás para dar um tiro até ele. 
Quando faltava 1km, vi que ia terminar em menos de 2horas, que estava ótimo. Mas quando passei na placa de que faltavam 500m (e com isso a prova teve aproximadamente 21km e 350min), olhei no tomtom, e percebi que dava para terminar em menos de 1h55min. Quem corre sabe que isso não é bobagem. 
A psicopata entrou em ação. Sim, porque até então eu estava naquele momento pré-chegada, de começar a me emocionar, achar tudo lindo, olhar para o pessoal, e tal. Dali em diante, eu passei a correr como louca, sprint final no meio de muita gente, foco no estádio olímpico, onde era  a chegada, mas não logo na entrada, tinha que dar uma volta interminável, e eu num pace de morte para fechar, nem via nada (some people have real problems). Mas cheguei, com o honroso tempo de 1h54'29"!! Em resumo, só relaxei depois da chegada mesmo. Só que agora eu já sei que sou assim, não fiquei triste, não acho que perdi nada, prefiro assim. Depois tossi por dez minutos sem parar, uma coisa linda de se ver...Missão super cumprida.
A Simone foi um sucesso, tenho que dizer. Pessoa focada, disciplinada, e corredora phodastica. É uma maratonista sub 4h. Muito orgulho. A Debs também, louca que tinha feito a maratona de Chicago uma semana antes, mas elas estavam com muito volume de treinamento, tinha que dar certo mesmo. Acho o máximo ter amigas assim.
Uma coisa que achei linda eram maridos/namorados esperando as esposas/namoradas/namorados com flores na saída do estádio. Super orgulhosos, famílias inteiras esperando o corredor, uma cultura totalmente diferente da nossa. Minha mãe, mais uma vez, me chamou de louca porque eu fui correr em Amsterdam. E eu não dou bola, porque na verdade sei que ela realmente não compreende. Não faz parte dela. E de mais um monte de gente. 
Devo dizer que achei que lá o foco era realmente a maratona. Quem fez a meia não se sentia lá muito prestigiado, mas isso não me deu vontade de correr uma maratona ainda. Vi o treino da Si, acompanhei, e sei que não é que não esteja pronta, não tenho paciência. Quem sabe isso mude um dia?
Eu gostei da prova, padrão europeu top, mas está feita. Além de não gostar de repetir meia maratona, ainda mais no exterior, achei muito bucólica a paisagem para mim. Preciso de mais vida, como NY e Buenos Aires tinham. Está feita, fiquei feliz com o resultado, que foi além das expectativas adaptadas. 
Cumpriu seu papel, de me deixar feliz e me fazer querer melhorar, e fazer outra, ou seja, a gente volta pensando na próxima. Fiquei pensando em outros lugares com boas meias maratonas, e aceito sugestões (mais baratuxas para o momento). 
Ai, ficou grande o post. Beijos!!






Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Ficar velha x envelhecer - nós e Madonna

Desculpa qualquer coisa

Histórias não relacionadas à corrida: Dias de Sol